O PISTOLEIRO, de Stephen King (Resenha)

Foi minha primeira leitura do Stephen King. Quando eu vou conhecer um autor que ganhou muita fama por alguma obra em especial (no caso de King, seu estouro mais recente foi "It, A Coisa". O livro em si não é novo, mas o filme trouxe uma atenção especial para a obra e, embora eu tenha muita vontade de lê-la, pois amei o filme, ainda não o fiz). Sigo essa regra porque entendo que um livro que é um grande estouro tem algo de diferente que os outros livros do autor não têm. Esse estouro, seja por sorte ou por talento do escritor, faz do livro um "caso especial" e por isso prefiro ler outra coisa menos conhecida para tirar minhas conclusões. Foi o que eu fiz com John Green, lendo "Cidades de Papel" quando seu livro "A Culpa é das Estrelas" estava em alta (este último, inclusive, ainda não li. Quem sabe um dia?).
Vamos ao que interessa. A primeira coisa a se enfatizar sobre a versão de O Pistoleiro que eu li é que as primeiras páginas falavam sobre as noções do autor a respeito da história, em que contexto ela surgiu, quais foram as dificuldades, etc. Eu nunca tinha lido um livro que tivesse isso e, devo admitir, por algum motivo fez diferença. Você se sente mais próximo à história, como se soubesse segredos sobre ela que nem ela sabe. É uma sensação muito boa, e essa é minha primeira parabenização ao King.
Vale acentuar aqui que essa prévia do autor foi escrita muito tempo depois de aquele livro ser criado, tanto que King faz críticas e comparações entre ele em 2003 e ele aos 19 anos, quando escreveu O Pistoleiro. King não teve vergonha de suas primeiras aventuras pela literatura, e isso faz pequenos autores se tornarem grandes autores.
Pois bem, O Pistoleiro é o primeiro de sete livros da saga de fantasia de King, chamada "A Torre Negra", e o primeiro livro por si só é incrivelmente pouco explicativo e conclusivo. Eu ainda não li os próximos, então posso dizer que você descobre muito pouco sobre a história geral só lendo esse livro. É um daqueles livros que você precisa de uma certa paciência para chegar ao ponto que importa, e pode ser frustrante perceber que o ponto que importa nem está naquele livro. Teria sido frustrante para mim, se o final não tivesse sido bom. Simples, mas muito satisfatório (provavelmente porque eu gosto de reflexões existencialistas). Eu fechei o livro e literalmente falei "ok, eu preciso ler os próximos".
Os flashbacks foram coisas que eu achei copiosamente bem feitas nesse livro, o que não é uma característica desprezível: O Pistoleiro é praticamente todo formado por flashbacks, este livro cria o cenário e o contexto em que a saga acontece, e é por isso que há tão pouco desenvolvimento da história em si. Há muitos subcapítulos, e isso facilita bastante no entendimento do que é flashback ou não. As memórias são tão extensas que por vezes nós nos esquecemos de que se trata de uma memória e que o curso da história está bem longe daquela cena, mas King não tem trabalho para nos trazer de volta para a trilha. 
Confesso que é um tipo novo de material para mim. Eu quase não consigo explicar o que eu quero dizer quando digo que O Pistoleiro é apenas uma ótima preparação do terreno, mas isso certamente resume bem o livro. E, mesmo falando muito pouco da Torre Negra em si, o livro não é tedioso. Eu pensei que seria, mas não é, simplesmente porque havia muito o que ser dito antes de a história de fato começar. O livro termina com o começo, e isso passa longe de parecer cliché nessa saga.
O que mais intrigou é que vi algumas pessoas me dizendo que esse é um dos livros (e uma das sagas) menos queridos de King, e que o próprio autor admite que 1. a saga só começa a ficar boa a partir da metade; e 2. esse com certeza não foi seu melhor trabalho. Tudo isso só me leva a concluir, então, que Stephen King é de fato grandioso como dizem ser. Lerei mais trabalhos dele (sim, pretendo ler "It, A Coisa" ainda esse ano), mas tenho quase certeza que isso apenas me fará reforçar a ideia de ele merece todo o crédito que tem.

Gabby Meister

[A resenha acima tem por único objetivo divulgar minha visão e opinião pessoal sobre o livro citado, e não visa ofender ou difamar ninguém, nem mesmo difamar a obra ou o autor dela. É apenas meu ponto de vista, questionável e discutível]

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